Tem sido uma imagem frequente nas partidas do Internacional no início de 2016: na cobrança de meta, Paulão e Réver se deslocam para as laterais do campo e abrem espaço para a chegada de Fernando Bob. Na frente da área, o meio-campista recebe de Alisson e levanta a cabeça para iniciar a jogada ofensiva a partir daí. A movimentação é a mesma que o Barcelona fez com Pep Guardiola, principalmente no início da passagem do técnico no Camp Nou, mas foi criada no México.
Ricardo La Volpe, técnico argentino, é o pai do jogo que o Inter agora utiliza. Foi ele, durante sua passagem pela Seleção Mexicana, quem pensou em uma dinâmica para gerar superioridade numérica contra um rival que marca com pressão.
Chamada de ‘três saídas’ ou ‘saída Lavolpiana’, visa criar desequilíbrio e pode até gerar um efeito dominó no restante do campo. A ideia acabou sendo adotada por inúmeros treinadores ao redor do mundo ao longo dos anos e agora chegou ao Beira-Rio.
Com um meio-campista entre os zagueiros, o goleiro sempre tem três opções de jogo. Os laterais, que em outro tipo de lançamento de bola ficam próximos à área, avançam mais e se posicionam próximos à linha do meio-campo.
Também nos Estados Unidos, onde participou da Florida Cup, o Inter aplicou o princípio. E gostou da resposta, repetindo a dose diante de Coritiba e Ypiranga-RS. O principal ator desse plano é Fernando Bob, segundo colocado no ranking de passes acertados no Brasileirão 2015, segundo o site especializado Footstats.
Com Bob, Argel Fucks encontrou uma forma de ter mais posse de bola e controlar o jogo. Porém, no Campeonato Gaúcho, contra rivais tecnicamente inferiores, o cenário não é totalmente ideal. Contra equipes limitadas e fechadas, a marcação alta não aparece. A vantagem numérica na primeira linha (defesa) não existe e o que era solução pode virar problema. Portanto, variações táticas começam a aparecer.
“Eu não me apego a um sistema. Já brincamos com vários esquemas. Já jogamos com ouros, quadrados (no meio-campo). Contra o Bayer (Leverkusen, pela Florida Cup) jogamos em 4-2-4, agora (contra o Ypiranga-RS) começamos em losango e aos 25 minutos passamos para uma linha de quatro. É importante controlar, é importante ter propriedade. Mas é importante fazer gol”, disse Argel após a vitória por 3 a 2 sobre o time de Erechim.
Em recente treino, o Inter começou a praticar o jogo de três com outros jogadores. Além de Bob, Rodrigo Dourado e até Anderson foram orientados a procurar a bola entre os zagueiros. Com a saída de três, ou variante ainda a ser utilizada, o Colorado passa um recado: quer deixar de ser o time que sobreviveu baseado em bolas aéreas e contra-ataques, como no início dos trabalhos em Argel. Nesta quinta-feira, a equipe tem a oportunidade de testar novamente.
FICHA TÉCNICA
INTERNACIONAL
Data: 11/02/2016 (quinta-feira)
Localização: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)
Tempo: às 19h30 (Brasília)
Árbitro: Francisco Neto
Tropas auxiliares: Élio Nepomuceno e André da Silva Bitencourt
INTERNACIONAL: Alisson; William, Paulão, Réver e Artur; Fernando Bob, Rodrigo Dourado, Anderson e Alex (Andrigo); Eduardo Sasha (Marquinhos) e Vitinho
Técnico: Argel fode
PASSO PROFUNDO: Mateus; Tiago Machado, Gustavo, Leo Kanu, Alisson Gaúcho; Rudiero, Nata, Souza, Rennan Oliveira; Jean Silva e Hyantony (Branquinho)
Técnico: Paulo Porto
